Causou estranheza, do ponto de vista da lógica, a definição do empresário e ex-secretário nacional de Pesca, Jorge Seif, para a vaga de pré-candidato ao Senado na chapa de Jorginho Melo, por sua vez pré-candidato ao governo. A escolha, segundo Jorginho, partiu do próprio presidente, Jair Bolsonaro, pré-candidato a reeleição.
Por mais que agrade o presidente, Seif agregará pouco, ou, quase nada ao projeto do senador de chegar ao comando do Estado. Numa eleição sem favoritos, a regra é compor, e o espaço para a disputa da única vaga ao Senado é algo valioso numa coligação. Prova disso que o único partido até então aliado do PL catarinense, o PTB, já declinou, uma vez que o deputado estadual Keneddy Nunes sonhava com o que foi dado a Seif. Agora o partido não garante mais que estará com os liberais.
O aceite de Jorginho só se justifica com uma hipotética situação: o comprometimento de que Bolsonaro estará em seu palanque, o que desafia, desta vez, a lógica do presidente. Não custa lembrar o cenário da eleição anterior, onde Bolsonaro com outros candidatos declarando apoio, optou pela neutralidade, deixando o então correligionário, Carlos Moisés, quase que órfão na disputa.
Na atualização para 2022, esta é uma eleição mais difícil para Bolsonaro. Logo, é de se desconfiar de que ele terá uma postura diferente da do passado, quando o cenário, pelo menos no segundo turno, lhe parecia mais confortável e mesmo assim não houve comprometimento com o candidato de seu partido.
Com poucas chances de uma boa coligação e sem o apoio do presidente, a candidatura de Jorginho terá parcas chances de prosperar. Por isso, ele terá que viabilizar pelo menos uma destas duas situações.