A maioria dos presentes pode não ter percebido, mas a ausência dos vereadores do MDB, do PDT, e do vice-prefeito, Jeriel Isoppo, no ato de assinatura das licitações para as obras da rodovia Guilherme Tiscoski, ciclovia, e pavimentação na Sanga Negra, chamou a atenção de quem possui um "olhar político" mais refinado. Não é comum num evento desse porte, com investimentos de R$ 9 milhões, para o qual toda a imprensa foi convocada, apenas um vereador da base, Cristian Lucinha (PL), comparecer. O outro presente, Adriano Magrão (PRTB), atua de forma independente.
Uma possível explicação foi levantada pelo site. Antes do evento houve uma reunião com os vereadores onde foi apresentada a relação das obras que seriam executadas, onde houve uma discordância com relação ao investimento no bairro Sanga Negra. Os vereadores, que conseguiram o recurso de R$ 500 mil junto ao deputado Tiago Zilli (MDB), queriam que a pavimentação iniciasse da localidade em direção ao perímetro urbano. Na prefeitura, o planejamento era de fazer a obra no sentido contrário, partindo da BR-101, o que não beneficiaria diretamente o bairro. A ausência dos vereadores e do vice seria uma retaliação a decisão, que foi mantida pelo Executivo. Com o nítido descontentamento e temendo uma crise maior com a bancada, a prefeita Gislaine autorizou cortes e remanejamento de verbas para executar a obra em duas frentes. Foi daí que saiu a decisão de aplicar R$ 1,5 milhão em recursos próprios na pavimentação partindo do bairro.
Duas nuances do ato corroboram com o enredo. A primeira foram as citações da prefeita, em três oportunidades, aos vereadores (ausentes). A segunda foi uma frase de um integrante do governo na reta final do ato: "Agora vem a surpresa", referindo-se ao anúncio da licitação de R$ 1,5 milhão que não estava prevista no convite para a cerimônia, confirmando que esta era uma decisão conhecida por poucos.